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Benfica e Penafiel foram protagonistas de um dos jogos mais soporíferos da 3ª eliminatória da Taça, com poucas oportunidades, mais ou menos tantas quantas as decisões inteligentes no relvado. É verdade que o grande culpado é o conjunto da casa, incapaz de ligar o meio-campo ao ataque como em outras vezes esta temporada, mas com uma agravante, a presença de extremos sem alma e um ponta-de-lança sem o instinto que já foi imagem de marca. Isto até Reyes e Suazo entrarem, mas aí já não conseguia embalar. E, como castigo, precisou dos humilhantes penalties para passar.
Quique Flores mudou de mais algo que está longe de estar estabilizada, mas confiou que a diferença entre as duas equipas era do tamanho das duas divisões que as separam. Recuperou Moreira para a baliza, Léo para a esquerda, deu a Amorim o papel de Katsouranis e a Binya o de Yebda, e nas alas chamou extremos com pouco sucesso ainda esta temporada: Urreta e Balboa. No ataque, morou o homem dos zero minutos, Makukula, que não foi inscrito na Europa e por cá passara ao lado da estreia. Di María fez de dez.
Não se pode dizer que a culpa do insucesso do ataque encarnado tenha sido de Angelito. O argentino caiu muitas vezes nos flancos para combinar com Balboa e Urreta, dada a incapacidade, sobretudo do primeiro, em chegar à linha final. O Benfica viveu dos rasgos do argentino e da inteligência que Amorim conseguia emprestar ao meio-campo. O Penafiel mantinha, por sua vez, o adversário em sentido, tentando apanhar a defesa fora de posição, lançando Michel em velocidade. A sua melhor oportunidade nasceu, contudo, de um livre, com Costa a cabecear à figura de Moreira (38).
Os três nãos de Makukula
É verdade que, mesmo a um ritmo lento, o Benfica podia ter regressado aos balneários com um resultado positivo. Makukula teve três jogadas em que ganhou espaço junto à marca de penalty, mas a falta de fiabilidade do pé esquerdo (17 minutos), a atenção de Zé Nando (36) e a falta de perícia num dos seus pontos fortes, o jogo de cabeça (41) impediram que as bancadas saltassem em festa. E houve ainda aquela trivela fantástica de Di María à trave (21).
As jogadas iniciais da segunda parte trouxeram um conjunto encarnado com maior disponibilidade ofensiva, mas apenas Quique parecia pensar que com o mesmo onze chegaria à vitória. Desperdiçou dez minutos até apostar em Reyes e Suazo para os óbvios lugares de Urreta e Balboa. Só faltava saber se bastava a alteração-dupla ou se Makukula seria o próximo a deixar o campo. Ele ou Binya, castigado desde cedo com um amarelo. Cardozo ou Katsouranis seriam apostas lógicas, mas só podia entrar um. Seria o grego, face à lesão de Miguel Vítor.
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Suazo, Reyes e nada...
Na primeira vez em que tocou na bola, o hondurenho atirou por cima. O Benfica parecia crescer desse momento, tomando finalmente de assalto o meio-campo contrário, mantendo uma pressão alta que raramente conseguira impor até aí. No entanto, o empolgamento dos visitados durou dez minutos, voltando a adormecer, a perder o controlo de um jogo que andava ao sabor das individualidades. Até o Penafiel parecia mais perigoso.
Makukula cabeceou por cima na sua quarta oportunidade, aos 78 minutos. A quinta aos 85, com o poste e Zé Eduardo a negarem-lhe algo que persegue há muitos meses: um golo com a camisola encarnada. Do outro lado, Moreira ia evitando que o Benfica caísse antes do prolongamento.
O Benfica teria mais 30 minutos para limpar a má imagem. Katsouranis por cima (91), Reyes, após grande jogada de Suazo, ao lado (97), Sidnei (97) para fora iam alimentando a esperança dos da casa; Moreira perante Quim (94) e Léo no desarme a um Michel isolado (98) iam desiludindo os visitantes. Suazo (113 e 114), Makukula (115 e 120) ainda quiseram negar as evidências, mas não havia nada a fazer. Nos penalties, ganhou o sortudo Benfica.
In: Maisfutebol
Benfica: Moreira; Miguel Vítor, Luisão, Sidnei e Léo; Ruben Amorim, Binya, Urreta e Balboa; Di Maria e Makukula.
Ainda jogaram: Suazo (Balboa, 56min), Reyes (Urreta, 56min) e Katsouranis (Miguel Vítor, 78min).
Golos: nada a assinalar.
Cartões Amarelos: Binya (22min), Sidnei (45min), Katsouranis (105min) e Di Maria (106min).
Cartões Vermelhos: nada a assinalar.
Grandes penalidades: Reyes (marcou), Di Maria (marcou), Katsouranis (marcou), Ruben Amorim (marcou), Suazo (marcou).
Penafiel: Zé Eduardo; Pedro Moreira, Costa, Ginho, Zé Nando, Ferreira, Vítor, Leo Oliveira, Bruno Madeira, Dias e Michel.
Ainda jogaram: Alexandre (Bruno Madeira, 62min), Quim (Leo Oliveira, 80min) e Wagner (Pedro Moreira, 119min).
Golos: nada a assinalar.
Cartões Amarelos: Michel (37min), Zé Nando (39min), Alexandre (79min) e Dias (89min).
Cartões Vermelhos: nada a assinalar.
Grandes penalidades: Vítor (marcou), Quim (marcou), Dias (falhou), Wagner (marcou).
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"Formou a dulpa de médios-centrais com Binya e a verdade é que não soube pautar o ritmo de jogo, nem encontrar o tempo e o espaço para servir os seus companheiros mais adientados. Não é por falta de argumentos técnicos, antes por alguma falta de corangem em assumir um pouco mais as situações de risco. (2)", In: Record
"Esteve mais activo que o seu companheiro de sector, mas também ele se mostrou pouco eficaz no controlo do meio-campo. A muralha duriense não o deixou sobressair. (5)", In: O Jogo
"Foi um dos melhores homens dos encarnados. Jogou e fez jogar. A maior parte do futebol atacante encarnado passou pelos seus pés, uma vez que lhe coube a missão de distribuir jogo para o sector mais adiantado. Trabalhou muito e bem. Mostrou a Quique Flores que pode contar com ele e que rende mais no centro do que encostado às linhas. O seu rendimento baixou um no segundo tempo, acusando o desgaste físico de 45 minutos de grande entrega.", In: Maisfutebol
«Faltou-nos um golo»
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Ruben Amorim, jogador do Benfica, depois do encontro com o Penafiel (0-0, 5-3 g.p.), da terceira eliminatória da Taça de Portugal:
«Acho que todos estivemos bem. O encontro correu-me bem individualmente, mas o mais importante era seguir em frente na Taça de Portugal e conseguimo-lo. Recentemente, na Selecção também ficou demonstrado que já não há jogos fáceis.»
[O que faltou frente ao Penafiel] «Faltou marcarmos um golo. O Makukula teve quatro oportunidades de golo, se não me engano, e não conseguiu marcar. O futebol é isto.»
[Jogo em Berlim, na Taça UEFA] «Temos boas oportunidades para ganhar na Alemanha. Agora, vamos recuperar para estarmos preparados para jogar. Não conheço bem o Hertha, até porque houve outros jogos que tivemos de visionar primeiro, mas o ambiente lá é sempre complicado, os jogos são muito físicos. Vamos tentar contrariar o adversário com o nosso jogo de pé para pé.»
In: Maisfutebol