© Alvaro Isidoro
Um golo de Cardozo e duas bombas de Ruben Amorim e Di María resolveram, a menos de 20 minutos do fim, um jogo muito complicado. Perante um Paços de Ferreira muito forte em termos defensivos e que vendeu sempre cara a derrota, visto que até ao último segundo pareceu poder empatar a contenda, valeu a alma benfiquista. Jogo de loucos, tal como acontecera na Mata Real, ajustando-se a vitória benfiquista.
Maldito minuto 11
Tal como vinha acontecendo ao longo de toda a época, o Benfica não conseguiu marcar na primeira parte, apesar de apresentar muito maior pendor ofensivo do que o adversário. Ante um Paços apostado num 4-5-1 (que se transformava em 4-3-3 em posse) cuja linha defensiva apertava a intermédia mercê de uma linha bem avançada, os “encarnados” revelaram sempre algumas dificuldades no último passe, pois, invariavelmente, os seus atacantes eram colocados em fora de jogo.
Apesar do intenso domínio, da excelência revelada no capítulo do passe, especialmente na zona de construção, o Benfica teimou, ao longo de toda a primeira parte, em não surgir em posição de concretização em jogadas decorridas em lances de bola corrida, pelo que acabou por ser de bola parada – um dos pontos fortes deste Benfica – que quase se colocou em vantagem. Corria o minuto 11 quando Carlos Martins colocou, na transformação de um livre em zona lateral, a bola na cabeça de Luisão que, sozinho, atirou à barra. Na recarga, foi Aimar, também de cabeça, a criar grande perigo, mas surgiu Cássio que, com uma grande defesa, negou um golo que parecia certo.
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O Benfica, desta feita com David Luiz na direita e Jorge Ribeiro à esquerda da defesa, tinha, por intermédio de Carlos Martins (que, a par do ex-boavisteiro, atingiu o centésimo jogo na Liga), muita posse de bola e qualidade de passe, mas raramente o regressado Cardozo (apoiado directamente por Aimar) tinha espaço para rematar. De destacar a qualidade defensiva apresentada pelo quarteto defensivo pacense que, com Dedé na sua frente, parecia uma muralha intransponível.
Já no ataque, o Paços foi inexistente durante a primeira hora de jogo, sendo que a saída de Cristiano (cinco golos na Liga), por lesão, em nada ajudou aos seus planos. Excepção, só mesmo quando Tatu (substituíra Cristiano), no início da segunda parte, se isolou e, após fintar Moreira, atirou para a baliza, sendo David Luiz o salvador de serviço.
Brilhar e sofrer
Quique é que não gostou e decidiu mexer e inovar, lançando Di María no flanco direita e dando a oportunidade a Ruben Amorim de actuar na sua posição de raiz, ou seja, no centro do meio campo. E foi importante a acção do ex-belenense na forma como ajudou o Benfica a atacar com maior fluidez o que proporcionou mais bola junto dos atacantes. Disso beneficiou Cardozo que, aos 69’, aproveitou uma intercepção falhada de Cássio e atirou, tranquilamente, a contar.
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Brilhou o paraguaio logo depois, quando, após fintar dois adversários, deixou para Amorim que, em jeito, colocou a bola no ângulo superior oposto. Um fabuloso golo do médio benfiquista que, assim, parecia matar o jogo.
Algo que não aconteceu, pois Ferreira, após jogada de qualidade de Rui Miguel, atirou cruzado para o 2-1. A Luz nem teve tempo de sofrer pois Di María, pouco depois, aproveitou uma bola a saltitar à sua frente para, de bandeira, a 35 metros da baliza, atirar para um golaço. Só que o Paços, em cima do minuto 90, ainda reduziu (Chico Silva, surgindo nas costas de David Luiz) e atirou mesmo uma bola ao poste (Kelly). Um final digno de suceder ao jogo da primeira volta que, recorde-se, o Benfica vencera por 3-4. Grande jogo e três pontos para o Benfica. A liderança continua ali à espreita.
In: SLBenfica
Benfica: Moreira; David Luiz, Luisão, Sidnei e Jorge Ribeiro; Katsouranis e Carlos Martins; Ruben Amorim, Aimar e Reyes; Cardozo.
Ainda jogaram: Di María (Carlos Martins, 55min), Nuno Gomes (Cardozo, 78min), Mantorras (Aimar, 89min).
Golos: Cardozo (69min), Ruben Amorim (73min), Di Maria (86min).
Cartões Amarelos: Reyes (85min), Di María (86min).
Cartões Vermelhos: -
P. Ferreira: Cássio; Danielson, Ricardo, Kelly e Jorginho; Dedé; Ferreira, Rui Miguel e Pedrinha; Edson e Cristiano.
Ainda jogaram: Leandro Tatu (Cristiano, 26min), André Pinto (Edson, 76min), Chico Silva (Jorginho, 83min).
Golos: Ferreira (75min), Chico Silva (90+2min).
Cartões Amarelos: Danielson (37min), Pedrinha (44min), Jorginho (60min), Cássio (64min), Chico Silva (83min).
Cartões Vermelhos: -
© Alvaro Isidoro
"No meio está a virtude, dirá o ex-belense. É depois da mudança que marca um golo magnífico. (3)", In: Record
"Resolveu desentendimento com David Luiz, mas, quando passou para o centro do terreno, numa rara oportunidade, justificou a aposta. Deu mais solidez e segurança no passe acabando por marcar um grande golo com um tiro de meia distância. (6)", In: O Jogo
"Só acordou quando marcou
Estava a efectuar uma exibição na linha da de Carlos Martins e de Katsouranis quando estava ali a passear nas imediações na área pacense e lhe surge a bola para frente. O médio não se fez rogado e encheu o pé. Um remate forte e colocado, sem hipóteses de defesa para Cássio. Golo muito festejado, que parecia o da tranquilidade. Não foi bem assim... (6)", In: A Bola
"No centro e na decisão
Voltou a demonstrar todas as suas qualidades, mercê de uma assinalável cultura táctica, visão de jogo, qualidade de passe e atitude nos movimentos defensivos. Apesar de ter começado como médio direito, passou, a partir dos 55’, a jogar no centro, depois da saída de Carlos Martins, sendo, ao lado de Katsouranis, parte fulcral na forma como o Benfica conseguiu construir jogo em zonas mais ofensivas. A cereja no topo do bolo aconteceu pouco depois dos 70 minutos, num tiro de fora da área que fez levantar o estádio.", In: SLBenfica
«Nem sei bem como fiz o golo»
© Carlos Rodrigues
Ruben Amorim surgiu na zona de entrevistas rápidas com um sorriso rasgado pelo golo obtido. A emoção era tanta que nem sabia explicar como o obteve.
"Foi um momento feliz que já tinha saudades de o sentir, uma vez que já não marcava um golo desde Coimbra. Aliás, nem sei bem como hoje [ontem] o fiz", confessa Ruben Amorim.
Instado a revelar em qual posição no terreno prefere jogar - se no meio ou à direita - atira, sem complexos: "Jogo onde o mister quiser. Mas sinto-me melhor a interior-direito, pois são muitos anos a jogar assim, o que leva a maiores rotinas. Contudo, mesmo que eu não renda tanto, se a equipa vencer está tudo bem para mim. Jogo onde for preciso, sem qualquer problema."
Quanto ao desafio da próxima jornada, com o Sporting, o camisola 15 dos encarnados assevera que "o grupo vai trabalhar como vem fazendo" sem mudar as rotinas em função do adversário.
E salienta: "A partir daqui, e até final do campeonato, todos os desafios serão de importância vital. Se vencermos já em Alvalade, tanto melhor."
A concluir, e quando questionado se pensa ser merecedor de uma chama, a breve prazo, por parte do técnico Carlos Queiroz para representar a Seleção Nacional, Amorim dispara: "Não falo sobre isso. Há muita concorrência e muita gente com valor na Seleção. Se for chamado, sou."
In: Record
© Alvaro Isidoro
PARABÉNS RUBEN!