Benfica sofreu para vencer (3-2) Marítimo
- Crónica
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O Benfica regressou as vitórias caseiras, mas não sem a dose de sofrimento do costume. As «águias» fizeram uma bela primeira parte, no seguimento da goleada em Setúbal, mas depois «abanaram» por completo na segunda parte e permitiram que o adversário chegasse à diferença mínima.
Se Quique Flores confirmou que está satisfeito com as últimas semanas e apostou no mesmo «onze» pelo terceiro jogo consecutivo, Carlos Carvalhal procurou adaptar o sistema táctico à equipa encarnada. O Marítimo apresentou-se na Luz em 4x4x2, com Paulo Jorge e Manú nas alas. O objectivo era encaixar no modelo do adversário, mas ao mesmo tempo explorar o espaço entre sectores, através do posicionamento de Marcinho, nas costas de Baba.
Esta estratégia inicial do técnico do Marítimo saiu «furada», no entanto. Com as equipas encaixadas tacticamente, acabou por prevalecer a maior qualidade dos futebolistas do Benfica. Isto também porque a equipa encarnada apresentou uma boa dinâmica.
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O primeiro golo chegou, curiosamente, por acaso, aos 29 minutos. David Luiz tirou um cruzamento, mas acabou a comemorar um golo. Marcos foi traído pelo movimento de Nuno Gomes, que cruzou à sua frente. O Marítimo continuava a sentir muitas dificuldades para encaixar na movimentação ofensiva do Benfica, e vulnerável a qualquer desequilibro. Foi assim no segundo golo, com a equipa madeirense como espectadora de uma bela jogada de ataque do Benfica. Miguel Vítor desequilibrou e Cardozo finalizou no coração da área (35m), com Ruben Amorim e Maxi Pereira a servirem de intermediários.
Pouco depois chegaria o terceiro golo, desta feita de bola parada. Reyes, que está a atravessar um belo momento, cobrou um livre na direita e Cardozo fuzilou Marcos (38m), depois de ter recebido as «sobras» de uma disputa de bola entre Sidnei e João Guilherme.
Mas já se sabe que o Benfica tem alergia a vantagens confortáveis, e por isso não estranhou que o Marítimo reduzisse a diferença ainda antes do intervalo. Bruno marcou o livre e Marcinho marcou de cabela, sem tirar os pés do chão (44m).
Um Marítimo para o melhor, um Benfica para o pior
Ao intervalo Carvalhal voltou ao 4x3x3, com Djalma a render Manú, e o Marítimo cresceu. O Benfica, por outro lado, desceu muito de rendimento, agora com Di María no lugar de Aimar. O camisola dez não estava a jogar bem, mas o seu rigor táctico fez falta.
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O meio-campo do Benfica ressentiu-se e Quique Flores tentou corrigir, com a entrada de Katsouranis, mas estava ainda o grego à espera para entrar quando o Marítimo reduziu para a diferença mínima. O árbitro Rui Costa entende que Maxi Pereira travou Djalma dentro da área. Bruno, chamado à conversão, não desperdiçou (60m).
Com ou sem razões de queixa da arbitragem, o Benfica caiu no erro de dispersar-se daquilo que era importante: assentar o seu jogo e garantir o triunfo. Até final a equipa encarnada revelou sempre enorme intranquilidade, num cenário já visto na Luz em ocasiões anteriores.
Sem capacidade para gerir o encontro, com a posse de bola, foi no meio de muitos nervos, desnecessários, diga-se, que o Benfica conseguiu segurar a vantagem e regressar aos triunfos em casa.
In: Maisfutebol
Benfica: Quim; Maxi Pereira, Miguel Vítor, Sidnei, David Luiz; Reyes, Carlos Martins, Ruben Amorim, Pablo Aimar; Nuno Gomes, Cardozo.
Ainda jogaram: Di María (Aimar, 46min), Katsouranis (Carlos Martins, 64min), Yebda (Reyes, 84min).
Golos: David Luiz (29min), Cardozo (35min, 38min).
Cartões Amarelos: Miguel Vítor (43min), Ruben Amorim (66min), Di María (78min), Katsouranis (90min), Quim (90min).
Cartões Vermelhos: -
Marítimo: Marcos; Briguel, João Guilherme, Van der Linden, Luís Olim; Paulo Jorge, Bruno, Olberdam, Manú; Baba, Marcinho.
Ainda jogaram: Djalma (Manú, 46min), João Luíz (Briguel, 74min), Takahito Soma (Luís Olim, 83min).
Golos: Marcinho (44min), Bruno (60min, g.p.).
Cartões Amarelos: Paulo Jorge (81min).
Cartões Vermelhos: -
- Avaliações
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"Menos vistoso do que Martins, mas de extrema utilidade táctica. Acerto no passe. (3)", In: Record
"Deve ter perdido a conta às bolas que recuperou, mais ainda quando Carlos Martins "rebentou" fisicamente. Não fosse ele, o credo teria sido ainda mais na ponta final. (6)", In: O Jogo
- Declarações
«O Marítimo creceu e foi sofrer até ao fim»
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Ruben Amorim, médio do Benfica, depois da vitória sobre o Marítimo (3-2), no Estádio da Luz, em jogo da 26ª jornada:
«Complicou um pouco depois de sofrermos aquele golo de bola parada. O Marítimo não teve oportunidades até aí. Depois com o penalty a seguir complicou-nos um bocado o jogo. O Marítimo tem boa equipa, tem bons jogadores, cresceu no jogo e foi sofrer até ao fim, mas já sofremos noutros jogos e vencemos».
- Pareceu-lhe penalty?
«A mim não me parece penalty, mas não vi na televisão, prefiro não estar a falar».
- Sente-se melhor a jogar no meio-campo, no lado esquerdo?
«Sinto-me bem a jogar em qualquer lado, quer na direita, na esquerda ou no meio e com qualquer companheiro, temos é de nos adaptar às características de quem joga ao lado. Sinto-me bem com todos eles e o que interessa é o Benfica vencer».
- Como explica o facto do Benfica ter acabado a sofrer depois de ter estado a ganhar por 3-0?
«Às vezes no futebol essas coisas não têm explicação, estávamos a jogar bem, tínhamos o jogo controlado, estava 3-0 e aquele golo no final a primeira parte complicou um pouco. Como já tivemos outros jogos assim na Luz, foi isso que veio à cabeça dos jogadores».
- A próxima jornada, com os três grandes a jogar fora, pode ser decisiva?
«Sem dúvida. A nossa equipa está a pensar jogo a jogo. Estamos a pensar no nosso, não pensamos muito nos adversários, queremos vencer todos os jogos até final».
- Mas continuam a acreditar no segundo lugar?
«Continuamos a acreditar, este ano o campeonato foi sempre muito competitivo. Temos essa esperança, queremos vencer os jogos todos e depois logo se vê».
In: Maisfutebol
- Curiosidades
Três encarnados a precorrerem quase 20 quilómetros
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A história do jogo entre Benfica e Marítimo falará de um tempo de inquietude para os adeptos dos encarnados mas também como uma manifestação de vontade de alguns dos intervenientes. Os três protagonistas no fime dos que mais correm foram atletas do Benfica, todos eles de sectores diferentes na estrutura de Quique Flores.
Uma ideia que pode indicar uma mensagem de esperança, de crença, como um entre muitos suspiros próprios de quem vive numa situação de dependência.
Ruben Amorim, acima dos dez quilómetros, Maxi Pereira e Nuno Gomes, com números superiores aos 9.600, lideraram a corrida para não perder mais pontos para FC Porto e Sporting e também para apagar a imagem de duas derrotas na Luz - Guimarães e Académica.
JOGADORES | METROS PERCORRIDOS |
1.º Ruben Amorim | 10.270 |
2.º Maxi Pereira | 9.675 |
3.º Nuno Gomes | 9.612 |
In: Record