- Pré-Época 2010/2011 - Crónica
© Daylife
O F.C. Porto passou incólume o teste de fogo que muitos imaginavam terminar numa queimada cruel. Jogou bem, recolheu o troféu e venceu o maior rival: dificilmente podia querer mais. Villas Boas, esse, pode respirar fundo. Depois deste jogo nada volta a ser igual: o treinador alcançou por fim o benefício da dúvida.
O técnico, aliás, nem em sonhos deve ter imaginado uma estreia oficial mais feliz no clube portista. Um, dois, três, golo. Ao terceiro minuto já vencia. O golo, aquele golo, logo de entrada, era o melhor que a equipa portista podia pedir. Uma equipa, recorde-se, olhada de lado e com o peso da desconfiança nos ombros.
A cabeçada furiosa de Rolando devolveu o arrojo ao F.C. Porto e deixou o campeão com dúvidas. A partir daí os portistas partiram para uma primeira parte agradável, com domínio, pressão alta, futebol pelas alas e vários remates. Sapunaru ameaçou marcar, Luisão roubou a Moutinho o golo perto da linha de baliza.
Um Benfica que falhou de mais...
O F.C. Porto saía para o intervalo claramente por cima, e tudo tinha começado no golo de Rolando. Por isso é bom voltar lá, recuar ao terceiro minuto e lembrar que não faltará quem culpe Roberto pelo golo. O que é um exagero. A bola passou-lhe pelas luvas, sim, mas o guarda-redes não tem mais culpa do que outros.
Não tem seguramente mais culpa do que quem falhou a marcação e deixou Rolando cabecear à vontade à entrada da pequena-área. O Benfica, aliás, perdeu o jogo muito por culpa própria. Se no primeiro golo falhou na marcação à zona, no segundo deixou Luisão tempo de mais no relvado e permitiu a Varela fugir.
© Daylife
O capitão encarnado já há muito tempo que andava a queixar-se, fartava-se de coxear, naquela jogada quase nem correu, Varela passou por ele e assistiu Falcao ao primeiro poste para um remate indefensável. Curiosamente Sidnei já aquecia e entrou logo no minuto seguir. Foi tarde. Muito tarde. O jogo já estava decidido.
... e um F.C. Porto muito diferente
O jogo serviu ainda para mostrar que não há afinal certezas tão absolutas como se calculavam. Depois de dois jogos com três avançados, Jorge Jesus voltou atrás, ao 4x4x2 losango com que tinha atropelado o Feyenoord, por exemplo. Um recuo que não foi uma fuga para a frente. O F.C. Porto, esse, correu que se fartou.
Um F.C. Porto muito diferente da época anterior, aliás, que pressiona muito alto, faz um futebol furioso, pouco conservador, um futebol aventureiro, de toque, desmarcação e risco. A ousadia como jogou e apertou o Benfica quando perdia a bola deixou o adversário confuso: só rematou, por exemplo, aos vinte minutos.
Em toda a primeira parte só uma vez, aliás, num remate de Carlos Martins, ficou perto do golo. Helton não permitiu o empate. É verdade que na segunda parte o Benfica foi mais dominador, teve mais bola, ameaçou mais vezes, mas fê-lo quase sempre em esforço. Faltou o talento que lhe valeu o título no ano anterior.
João Ferreira, por fim, merece um parágrafo todo para ele. Não teve uma noite fácil, e talvez por isso tenha colocado a mão na cara de Álvaro Pereira. Parecem ter passado três agressões incólumes, de Cardozo, César Peixoto e David Luiz, entre outros erros. Nada que mudasse a justiça do caminho da taça: o Dragão.
In: Maisfutebol
Benfica: Roberto; Ruben Amorim, Luisão, César Peixoto, David Luiz; Airton; Carlos Martins, Pablo Aimar, Fábio Coentrão; Saviola e Cardozo.
Ainda jogaram: Jara (Aimar, 59min), Sidnei (Luisão, 69min), Gaitán (Fábio Coentrão, 77min).
Golos: -
Cartões Amarelos: Fábio Coentrão (30min), Luisão (47min), Aimar (51min), David Luiz (57min), Jara (63min).
Cartões Vermelhos: -
FC Porto: Helton; Sapunaru, Rolando, Maicon, Álvaro Pereira; Fernando, João Moutinho, Belluschi, Varela; Hulk e Falcão.
Ainda jogaram: Cristian Rodriguez (Varela, 69min), Miguel Lopes (Sapunaru, 74min), Raul Meireles (João Moutinho, 81min).
Golos: Rolando (3min), Falcão (67min).
Cartões Amarelos: Fernando (19min), Álvaro Pereira (56min), Sapunaru (57min), João Moutinho (76min), Helton (86min).
Cartões Vermelhos: -
© Daylife
Record (2)
Cumpriu muito mais quilómetros em direcção à sua baliza do que na rota da do FC Porto, especialmente enquanto Varela esteve em campo. Resultado: tardou em atravessar a linha divisória. Só quando o extremo adversário abandonou o terreno é que já conseguiu fazer algumas cócegas no processo ofensivo. Em constante sobressalto, o internacional português viu-se impotente para travar as investidas portistas, falhando rotundamente, por exemplo, no lance do segundo golo. Desconcentrado e sem pulmão deixou Luisão desguarnecido, limitando-se a seguir a jogada com o olhar.
O Jogo (4)
Esteve quase meia hora mergulhado num corrupio contruído por Álvaro Pereira e Varela. O cenário agudizou-se pelo fraco auxílio de Carlos Martins na hora de defender, e só quando o extremo portista perdeu gás logrou passar do meio-campo para tentar criar desequilíbrios. O primeiro cruzamento - e até com bastante veneno, diga-se - só saiu aos 65', e este mero facto diz muito da actuação do lateral-direito. Ele que no lance do segundo golo azul e branco pouco mais fez do que limitar-se a ver Varela fugir para cima de Luisão. O resto fica para a história do jogo com um dos lances mais bem conseguidos.