Ruben titular na vitória (3-1) frente ao Beira-Mar
- Crónica
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As saudades já apertavam e Cardozo resolveu aparecer. Dois golos e uma assistência do paraguaio ajudaram o Benfica a esquecer por uma noite todos os seus problemas. Nem tudo foi perfeito em Aveiro, longe disso, mas o essencial foi alcançado: vitória justa, redução para oito pontos na distância até ao F.C. Porto e reconquista do crédito que parecia ter sido irremediavelmente perdido em Israel.
Impõe-se agora uma definição na gestão da equipa. Jorge Jesus tem de perceber quem está e quem não está dentro da nau encarnada. Porquê esta urgência? Simples. Basta olhar com atenção o comportamento sem bola de cada uma das unidades do Benfica. Dessa forma se chega à preocupante constatação de que nem todos estão dispostos a sofrer, que nem todos se predispõem a suportar o clima actual.
É aqui que introduzimos o nome de David Luiz. Quem o conhece, quem o viu jogar nas épocas anteriores, não pode deixar de ficar chocado com a postura que actualmente tem. Mau tempo de entrada à bola, mãos caídas sobre o corpo, descontracção absurda em tempos de instabilidade. O que era classe é passividade, o que era glamour é pura propaganda enganosa.
Este Benfica precisa de David Luiz para se reerguer. Mas do verdadeiro, não deste sósia.
Numa noite de vitória justa parece absurda a crítica a um atleta. Não é, até porque a história do jogo não é tão simples como o 1-3 pode deixar entender. O primeiro golo surgiu de grande penalidade (no mínimo duvidosa) em cima do intervalo, o segundo e o terceiro deram de si num período em que o perigo rondava as duas balizas.
Até essa almofada confortável, o Benfica teve a cabeça muitas vezes a latejar. O Beira-Mar, venenoso na exploração dos contra-ataques, viu um remate de Ronny a chocar com o poste direito de Roberto e o brasileiro a falhar na cara do espanhol um cabeceamento facílimo. Tudo isso surgiu no melhor período dos aveirenses, entre o tempo de descanso e o segundo golo do Benfica.
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Nesta fase de indefinição, quando não se sabia para onde cairia o triunfo, o Benfica sofreu a bom sofrer. E não foi só David Luiz a tremer. Luisão pareceu mais pesado do que nunca, Coentrão perdeu alguma da sua carga eléctrica, Javi Garcia fez de corpo dormente entre a defesa e o meio-campo.
Ao Benfica valeu a noite inspirada de Cardozo, bem acompanhado por Javier Saviola e Carlos Martins.
Puxando a fita ainda mais atrás, foi precisamente o avançado argentino a mostrar que não merece ser substituído todos os jogos. Aos 14 minutos rematou com estrondo à barra e logo depois viu um cabeceamento de Luisão ser parado pela mão marota de Pedro Moreira. Grande penalidade por marcar a favor do Benfica.
Mais tarde, a noite viria a ser de Oscar Cardozo. Mesmo numa condição física longe da ideal, o ponta-de-lança decidiu um duelo que parecia condenado ao equilíbrio até final. O seu segundo golo, num remate em arco à entrada da área, merece ser visto e revisto.
Ainda intranquilo, ainda marcado por feridas recentes, o Benfica voltou a ter períodos convincente e a ganhar. Este pode ser o primeiro passo no regresso a uma história que já foi feliz.
In: Maisfutebol
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Beira-Mar: Rui Rêgo; Pedro Moreira, Kanu, Hufo, Renan; Djamal; Rui Sampaio, Sérgio Oliveira, João Luiz; Leandro Tatu e Ronny.
Ainda jogaram: Alex Maranhão (Sérgio Oliveira, 64min), Rui Varela (Leandro Tatu, 72min), Wilson Eduardo (Ronny, 81min).
Golos: Rui Varela (85min).
Cartões Amarelos: Kanu (45min), Rui Varela (90min), Pedro Moreira (90min), Djamal (90min).
Cartões Vermelhos: -
Benfica: Roberto; Maxi Pereira, Luisão, David Luiz, Fábio Coentrão; Javi García; Ruben Amorim, Carlos Martins, Gaitán; Carodozo e Saviola.
Ainda jogaram: Alan Kardec (Cardozo, 77min), Salvio (Carlos Martins, 82min), Franco Jara (Saviola, 86min).
Golos: Cardozo (45min, g.p., 59min), Saviola (66min).
Cartões Amarelos: Fábio Coentrão (90min)
Cartões Vermelhos: -
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Record (3)
Um factor de coesão tremedo no miolo. Dava soluções de passe, dobrava colegas na luta pela posse de bola, preenchia espaços. Trabalho de sapa impressionante e com mérito.
O Jogo (6)
Novidade no onze, foi importante pela solidez que empregou à equipa. Ajudou nas missões defensivas, e apesar de não ter actuado a um elevado ritmo, mostrou grande qualidade na circulação de bola, isolando Cardozo e Fábio Coentrão.
Melhorou muito na segunda parte. Uma assistência de morte para Cardozo desperdiçar, outro passe a isolar Coentrão e foi precioso tacticamente.
O polivalente regressou para uma exibição interessante no meio-campo benfiquista. Muito forte tacticamente, o internacional português defendeu com acerto, participando de forma lesta nos movimentos ofensivos da equipa.