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Sem magia, sem a mesma pressão que antes se vira, sem poder para embalar o Berço. Mas com três pontos. O Benfica sai de Guimarães com um triunfo, num terreno sempre complicado, explosivo, e onde se vivem grandes emoções, graças a um Vitória que costuma bater o pé aos grandes. Esta tarde, foi mesmo assim, menos no último ponto. Apesar de ligeira supremacia encarnada, os vimaranenses fizeram uma bela partida e «colocaram areia» na euforia das águias durante 90 minutos. Mas Ramires veio de lá de cima, do céu, para dar o primeiro triunfo aos encarnados.
A surpresa de Nelo Vingada resultou de início. O Vitória actuava em 3x4x3, com Nuno Assis um pouco mais à frente no meio-campo. Sobretudo, foi a estratégia para travar os sul-americanos do Benfica que vingou. As águias até entraram com determinação, mas levavam perigo quase sempre de bola parada. Poucos minutos depois, já os vimaranenses estavam de igual para igual no encontro.
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Estavam tão iguais que também causaram perigo. Num canto, por sinal. Quim saiu mal a um primeiro desses lances e, no segundo, teve de redimir-se com defesa apertada a cabeçada de Sereno. Pouco depois, o golo. De Cardozo. Mas era ilusão. O paraguaio estava mesmo fora-de-jogo e a cabeçada não contava.
Aí voltou o Benfica. Transpirado. Com Saviola escondido, Tacuara desamparado e com Javi Garcia a atirar por cima, em duas ocasiões. Em duas bolas paradas, de novo. Até que veio nova ilusão. Aimar sozinho na cara de Nilson. O argentino é mágico. Vai marcar. Mas também não. Nilson nega-lhe o golo, fecha a festa na bancada encarnada.
Respondia Assis ao dez do Benfica, em jogadas com os extremos. Mas sem golos, apesar da intensidade. Assim ia o jogo para o intervalo. A zeros, mas a prometer.
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Cardozo e os pés de Nilson
Mexeu Jesus no descanso. Keirrison estreava-se, para acabar com os problemas que Saviola não solucionou. Entrava melhor o Benfica, Di María estava mais activo. Sem magia, o Benfica trocava Aimar por Coentrão. E ganhava cantos. Um deles, deu em grande penalidade, por mão de Flávio Meireles.
Cardozo tinha a solução nos pés. Mas os de Nilson foram para o sítio certo e o paraguaio desesperava com novo penalty falhado. O Vitória ficava com dez, mas ganhou determinação. Sentiu-se injustiçado. Uniu forças e não teve medo. Foi para a frente.
Com menos um, Targino surgiu ali, na cara de Quim. Já se gritava golo na bancada vitoriana. Mas era, outra vez, ilusão. David Luiz estava no sítio certo para cortar. Permanecia tudo num nulo. Jesus mexia, Vingada também. O encontro estava quente, a ferver mesmo. Como sempre, como diz a história das duas equipas.
Em Guimarães, já se pensava em roubar pontos ao Benfica. Estava-se a minutos de o conseguir. Aliás, o tempo regulamentar já lá ia. Até que Ramires cabeceou para o golo. Numa bola parada, claro. Explodiu a bancada encarnada, explodiu Nuno Assis com Fábio Coentrão e o Vitória acabou por perder o jogo e o camisola dez, expulso. Final de jogo, alegria encarnada. Mas coisas, várias, para Jorge Jesus rever.
In: Maisfutebol
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V. Guimarães: Nilson; Andrezinho, Sereno, Gustavo Lazzaretti; Desmarets, Moreno, Flávio Meireles, Nuno Assis; Targino, Jorge Gonçalves, Douglas.
Ainda jogaram: Alex (Jorge Gonçalves, 60min), Custódio (Douglas, 65min).
Golos: -
Cartões Amarelos: Flávio Meireles (52min e 61min), Nuno Assis (73min e 90+3min).
Cartões Vermelhos: Flávio Meireles (61min, acumulação de amarelos), Nuno Assis (90+3, acumulação de amarelos).
Benfica: Quim; Ruben Amorim, Luisão, David Luiz, Shaffer; Javi Garcia, Di Maria, Ramires, Aimar; Cardozo, Saviola.
Ainda jogaram: Keirrison (Saviola, 46min), Fábio Coentrão (Aimar,56min), Javi Garcia (Nuno Gomes, 74min).
Golos: Ramires (90min).
Cartões Amarelos: Javi Garcia (29min), Fábio Coentrão (90+3).
Cartões Vermelhos: -
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"Não esteve ao nível habitual, até porque Targino criou sempre muitas dificuldades. Alguns passes transviados, mas, ainda assim, a segurança e o pêndulo do costume. (3)", In: Record
"Está bem adaptado a sua nova posição e denota à-vontade no desempenho das funções. Quando Targinolhe surgiu pela frente, ainda dificultou a sua missão, mas, de resto, teve um final de tarde sem problemas procurando ainda ajudar o ataque. (6)", In: O Jogo
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Ruben Amorim, médio do Benfica, em declarações, após o encontro com o V. Guimarães, que os encarnados venceram por 1-0, na segunda jornada da Liga portuguesa:
«Vencemos num estádio muito difícil. Marcámos no final, mas estamos satisfeitos. Penso que foi um resultado justo, trabalhámos muito para que acontecesse. É verdade que foi uma vitória com esforço. Uns dias estamos mais inspirados, outros não. Hoje foi à base da luta e do esforço que ganhámos. Mas isso também faz uma grande equipa.»
[sobre jogar a lateral:] «É normal não me sentir tão bem. Não é a minha posição. Estou a fazer o que o treinador quer. Vamos esperar que o Maxi volte para poder regressar ao meu lugar.»
[acerca do jogo com o Poltava, na Ucrânia, para a Liga Europa:] «vamos com um resultado muito positivo, mas no futebol tudo pode acontecer. Vamos descansar e treinar para ir lá ganhar.»
[comentando o facto de Fábio Coentrão ter dito que ainda era cedo para se falar no título] «Quem joga no Benfica e não acredita no título, não sei o que está aqui a fazer. Hoje acreditámos até ao fim.»
In: Maisfutebol