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Jorge Jesus tinha pedido o maior número de golos possível para o embate desta tarde com o Belenenses: foram quatro. O Belenenses até apresentou uma equipa equilibrada, decidida a jogar o jogo pelo jogo, mas que não foi capaz de suster a avalancha encarnada, comandada por um inspirado Saviola que abriu caminho para a vitória com um grande golo. O argentino esteve ainda no segundo, com uma assistência para Cardozo, que quebrou definitivamente a resistência dos azuis do Restelo.
As equipas ainda estavam em fase de estudo quando Saviola partiu tudo, arrancando pela zona central em velocidade, com pequenos toques na bola, mantendo-a sempre perto dos seus pés, apesar de rodeado por três defesas azuis. Foi por ali fora, entrou na área e foi ao encontro de Nelson, acabando por ser feliz no ressalto que o libertou de todas as marcações e permitiu-lhe atirar para as redes vazias. As bancadas vermelhas do Restelo explodiam em festa com aquela pequena amostra que bem podia ser o início de mais uma «goleada das antigas» como aquela que o Benfica tinha imposto, na jornada anterior, ao V. Setúbal.
Mas do outro lado estava um Belenenses equilibrado, com um sistema em tudo idêntico ao do adversário, com Gabriel Gómez à frente da defesa e um meio-campo às ordens de Zé Pedro no apoio a Fredy e Yontcha. A equipa do Restelo não se atemorizou perante a ousadia inicial do argentino, reorganizou-se e partiu par um jogo aberto. As peças encaixaram, mas ia sempre sobressaindo a maior qualidade dos encarnados, particularmente sobre o flanco direito, com Ruben Amorim a combinar bem Ramires e Saviola. Di Maria e César Peixoto tentaram também furar pelo lado contrário, mas nunca conseguiram a mesma fluência.

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O Belenenses, sem nunca se fechar sobre a sua defesa, foi resistindo e, sempre que podia, ia lá à frente tentar a sua sorte. Num desses lances quase chegou ao empate, com Fredy a cruzar da direita e Zé Pedro a ganhar na área para o remate de Yontcha à figura de Quim. O Benfica reagiu carregando no acelerador, chegando à área com facilidade, mas aí encontrava quase sempre o mesmo problema: Cardozo estava a jogar noutra rotação. O paraguaio demorou uma eternidade a entrar no jogo, ora chegando atrasado aos lances, ora cedo demais, em posição irregular.
Outra vez Saviola
João Carlos Pereira decidiu arriscar mais um pouco depois do intervalo, lançando Lima para a frente em detrimento de André Pires e recuando Mano para a defesa do flanco. O Belenenses tentou pressionar mas, tal como na primeira parte, Saviola voltou a aparecer no jogo. Lançado por Ramires sobre a direita, o argentino cruzou tenso para a área onde surgiu Cardozo, desta vez sem bandeirola no ar, a encostar. Um golo que soltou ainda mais a equipa encarnada que se libertou do espartilho táctico à procura dos golos encomendados pelo treinador.
O treinador do Belenenses tentou estancar a euforia encarnada reforçando o débil meio-campo com Fellipe Bastos e Pelé, mas Jesus deu novas «pilhas» aos encarnados com as entradas de Fábio Coentrão (Di Maria) e de Keirrison (Cardozo). O Benfica prosseguiu, assim, em alta voltagem, invadindo à área de Nélson em sucessivas vagas, sempre com cinco/seis jogadores em linha. Num lance de bola parada, Aimar cruzou e Javí Garcia surgiu nas alturas para o terceiro golo. Jorge Jesus já estava satisfeito e aproveitou para dar minutos ao regressado Maxi, mas sem beliscar Ruben Amorim, desviando-o para o lugar de Javí Garcia. Já perto do final, mais um golo para os encarnados, assinado por Ramires.
O Benfica segue, assim, embalado, de braço dado com o F.C. Porto e na peugada do Sp. Braga, com um ataque avassalador que já soma catorze golos.
In: Maisfutebol

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Belenenses: Nélson; Mano, Beto, Diakité, André Pires; Gabriel Gómez, Celestino, Barge, Zé Pedro; Fredy, Yontcha.
Ainda jogaram: Lima (André Pires, 46min), Fellipe Bastos (Celestino, 59min), Pelé (Gabriel Gómez, 59min).
Golos: -
Cartões Amarelos: Celestino (42min).
Cartões Vermelhos: -
Benfica: Quim; Ruben Amorim, Luisão, David Luiz, César Peixoto; Javi García, Ramires, Aimar, Di María; Saviola, Cardozo.
Ainda jogaram: Keirrison (Cardozo, 63min), Fábio Coentrão (Di María, 67min), Maxi Pereira (Javi García, 80min).
Golos: Saviola (6min), Cardozo (57min), Javi García (76min), Ramires (88min).
Cartões Amarelos: Javi García (50min), Luisão (85min).
Cartões Vermelhos: -

© Isabel Cutileiro
"Sem grande trabalho em termos defensivos, Amorim aventurou-se algumas vezes pelo terreno e conseguiu bons resultados. Aos 34' envolveu-se numa jogada atacante com Di María e Saviola - o 30 rematou por cima - e aos 57' faz o passe para Saviola, no golo de Caedozo. (3)", In: Record
"Novamente solução de recurso no lado direito da retaguarda, distinguiu o essencial do acessório, defendendo com rigor e só atacando pela certa. Numa destas incur~soes, desmarcou Saviola para o 0-2.", In: O Jogo
"Uma dor de cabeça para Jorge Jesus, agora que volta a contar com Maxi Pereira. Ruben Amorim realizou mais uma exibição de qualidade no lado direito da defesa e, sem mais vagas no onze, não seria justo tirá-lo agora da equipa. Esta tarde o Benfica atacou quase sempre pela direita e isso deveu-se, em boa parte, ao equilíbrio que o antigo jogador do Belenenses conseguiu manter na sua ala, combinando muito bem com Ramires e Saviola em sucessivas subidas no terreno. Depois do terceiro golo, voltou a jogar no miolo, no lugar de Javí Garcia, cedendo o seu lugar ao regressado Maxi.", In: Maisfutebol
«Jogo em qualquer posição»

Começou o encontro a lateral-direito mas, nos minutos finais, quando Jorge Jesus decidiu dar alguns minutos de jogo a Maxi Pereira, subiu para a posição de trinco.
Não se mostrando preocupado com a possibilidade de perder a titularidade com o regresso do internacional uruguaio, o jogador, de 24 anos, sublinha: "Jogo em qualquer posição que o Benfica precise. Queremos é ganhar os jogos e eu sei que para voltar ao meu lugar no meio-campo tenho de trabalhar muito."
Tal como os restantes companheiros, o antigo jogador do Belenenses sublinha o momento vivido pelos encarnados e dá uma explicação para a qualidade exibicional: "Trabalho. Como é natural, as vitórias moralizam-nos e viemos aqui jogar depois de uma goleada. Mantivemos a defesa segura e isso foi muito importante para este triunfo."
Hoje, às 18 horas, os encarnados vão começar a preparar o jogo com o BATE, e o internacional Sub-21 já se mostra concentrado no duelo europeu. "Pensamos num jogo de cada vez. O nosso grande objectivo é realizar uma prestação superior à do ano passado, pois ficámos muito aquém das expectativas. O nosso treinador prepara sempre muito bem as partidas e estou certo que já vamos receber informações muito detalhadas do nosso próximo adversário", defende.
Para terminar, Ruben Amorim escusou-se a comparar o Benfica com os seus rivais directos: "Não faço comentários sobre os outros."
In: Record